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O fulanismo na política (por Gaudêncio Torquato)

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A fulanização da política e a busca pelo brilho próprio

Na esfera política nacional, observamos um comportamento preocupante por parte dos atores políticos. Esses atores, tanto do situacionismo quanto do oposicionismo, estão agindo como vespas e serpentes, buscando queimar nomes e manchar reputações. Essa atitude irresponsável acaba colocando em risco a delicada relação do presidente da República com o Congresso Nacional.

Dois nomes que estão sendo alvo dessa fogueira são Flávio Dino, indicado por Lula para o STF, e o procurador Paulo Gonet, indicado para assumir a PGR. Senadores e grupos ligados ao petismo estão tentando descredibilizá-los, caracterizando-os de maneira negativa. Essa prática alimenta a crise crônica da política, que se baseia em tensões fabricadas para ganho pessoal.

A fulanização da política é um problema recorrente no Brasil. Os principais protagonistas da cena política ocupam imensos espaços na mídia, destacando-se pela personalização do poder. Nomes como Lula, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luis A. Barroso, Arthur Lira, Rodrigo Pacheco, Fernando Haddad são exemplos desses protagonistas que monopolizam o debate político.

O problema é que, nesse cenário, as ideias, os programas e a doutrina política são deixados de lado. A política reduz-se a uma rivalidade entre pessoas e grupos. Os homens públicos se banham nas águas narcisistas, obcecados pela própria imagem e prestígio. Essa atitude narcisista acaba comprometendo a sociedade e a própria atuação política.

A sociedade repleta de narcisistas

No Brasil, é comum encontrarmos narcisistas na política. Essas pessoas são fascinadas pelo próprio brilho, mas muitas vezes perdem o poder e continuam cheias de orgulho. O principal mal que os narcisistas cometem contra si mesmos e contra a sociedade é a inação e a perda do senso.

Quando presos no simulacro do poder, os narcisistas exibem um prestígio falso que os leva ao ócio. O prestigium, do latim, significa artifício, ilusão, malabarismo. Na política, os malabaristas manipulam as massas, fazendo-as acreditar que o discurso é ação, a promessa é verbo, a palavra deles é a única que importa.

O convívio intenso e prolongado com o poder causa um efeito narcotizante. Transforma pessoas comuns em "deuses" de um Olimpo político cada vez mais superlotado. Essa distorção ocorre principalmente devido à nossa herança cultural, onde a tradição oral penetrou profundamente nas veias, mentes e corações da representação política.

Para ilustrar essa dinâmica, podemos contar duas historinhas conhecidas. A primeira é sobre um eleitor baiano que se encanta com a retórica complicada e rebuscada de um candidato em comício. Mesmo sem entender o que foi dito, o eleitor decide votar nele porque "falou bonito". A segunda história é sobre um candidato que discursa apaixonadamente sobre a liberdade, mas acaba esmagando um passarinho que deveria soltar no clímax de seu discurso.

O encontro do ruim com o pior

O narcisista e o demagogo, o verborrágico e o reizinho cheio de empáfia, representam dois tipos comuns na política. O encontro desses dois extremos, assim como nas histórias de Narciso e Justo Veríssimo, personagem de Chico Anísio, é um traço perverso da nossa política atual.

É fundamental que se combata a fulanização da política e a busca incessante pelo brilho próprio. A política deve ser pautada por ideias, programas e substância, e não pela vaidade pessoal. A sociedade brasileira merece uma política que represente seus verdadeiros interesses e não o ego dos políticos.

Palavras-chave: fulanização da política, narcisismo político, personalização do poder, crise política, vício de poder

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