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Produtos vencidos e sem registro: PCDF faz busca na clínica do horror

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Equipes da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), cumprem mandado de busca e apreensão em clínica de estética

Materiais descartáveis reutilizados e produtos vencidos são encontrados

Equipes da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), cumpriram um mandado de busca e apreensão em duas unidades de uma clínica de estética localizadas em Águas Claras e na Asa Norte. A ação ocorreu após denúncias de pacientes e ex-funcionários sobre práticas irregulares realizadas na empresa.

A clínica, anteriormente conhecida como Corpus Elite, teve seu nome alterado algumas vezes após a publicação de uma reportagem pelo portal Metrópoles denunciando as irregularidades. Segundo os relatos, materiais descartáveis estavam sendo reutilizados, produtos vencidos eram aplicados nos clientes e substâncias utilizadas nos procedimentos estéticos eram diluídas em outras substâncias ou substituídas por soro fisiológico. A empresa negou as acusações.

No local da busca e apreensão, a Divisão de Proteção ao Consumidor (DPCON) da Corf encontrou medicamentos sem registro na Anvisa, que eram utilizados em procedimentos estéticos inadequados, oferecendo risco à saúde dos consumidores. Uma das vítimas relatou ter sofrido queimaduras de segundo grau em um dos procedimentos. Os investigados utilizavam medicamentos sem registro como forma de reduzir os custos dos procedimentos. Também foram encontrados medicamentos vencidos e indícios de uso indevido de responsável técnico.

A ocorrência de atuação clandestina da empresa na unidade da Asa Norte também foi identificada durante a operação. A Vigilância Sanitária também esteve presente no local e lavrou um termo.

Relatos de ex-funcionários revelam práticas abusivas e negligência com a saúde dos pacientes

Mais de 30 ex-funcionários da Corpus Elite denunciaram práticas abusivas e negligência com a saúde dos pacientes. Em depoimentos acompanhados de áudios e prints de conversas de grupos de WhatsApp da empresa, os ex-colaboradores relataram diversos casos de descaso e irregularidades.

Uma ex-funcionária revelou que a dona da empresa mandava reutilizar materiais descartáveis em diversas pacientes, como o gel de depilação que era raspado da pele de uma cliente e guardado em um pote para ser utilizado em outra pessoa. Além disso, também relatou que a venda de toxina botulínica era frequentemente realizada, porém muitas vezes não era a toxina em si, mas soro fisiológico.

Outra prática relatada pelos funcionários foi o preenchimento corporal com plasma, que consistia na coleta de uma grande quantidade de sangue do paciente, centrifugação, preparo do material e reinjeção na área desejada. Porém, os procedimentos causavam efeitos sérios nos pacientes, como mal-estar, vômitos e convulsões.

Além das práticas irregulares, os proprietários da empresa também instruíam os colaboradores a esconderem produtos da Vigilância Sanitária e mentirem para os agentes de fiscalização sobre a situação da clínica. Também foram relatados casos de assédio moral, humilhação e atraso nos pagamentos.

Inúmeras mudanças de nome fantasia e processos judiciais

De acordo com os processos judiciais em trâmite, a clínica de estética possuía ou já utilizou diversos CNPJs. São eles: Gm Mc Estética Ltda., TNS BSB Ltda., MC Brasília Estética Ltda., MCB Estética Ltda., Martins Escritórios Ltda., Estética Martins Ltda. e AMJ Serviços de Escritórios Ltda. Somando todas as ações existentes em cada CNPJ, a Corpus Elite responde a cerca de 171 processos judiciais, sendo 69 trabalhistas e 102 cíveis.

A operação realizada pela PCDF e a Vigilância Sanitária é de extrema importância, especialmente no período de final de ano, quando os crimes contra as relações de consumo tendem a aumentar. A busca e apreensão e a investigação dessas práticas irregulares contribuem para garantir a segurança e a saúde dos consumidores.

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