Autoridades sabiam desde 2014 sobre o risco de deslizamentos na vila Arumã
Introdução
No último fim de semana, a vila Arumã, localizada no interior de Manaus, foi engolida pelo rio após um desabamento, resultando na destruição de mais de 40 casas, além de duas pessoas mortas e três desaparecidas. Um relatório do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado nove anos atrás, já alertava sobre o risco de deslizamentos na região. O laudo apontou a existência de uma "cicatriz" de cerca de 90 metros no solo, indicando um processo de deslocamento de massa. No entanto, as autoridades parecem não ter tomado as medidas necessárias para prevenir a tragédia.
O alerta ignorado
O relatório do SGB ressaltava que o solo na vila Arumã é argiloso e próxima a uma curva do rio afetada pela erosão fluvial. Além disso, o documento fazia parte de um levantamento sobre áreas de alto risco de enchentes e movimentos de terra, no qual a comunidade já havia sido afetada anteriormente por deslizamentos conhecidos como "terras caídas". O laudo foi realizado em parceria com a Defesa Civil local e está disponível para consulta pública no site do SGB.
A falta de providências
Após a divulgação do relatório, resta questionar quais providências foram tomadas pelas autoridades competentes. O veículo [nome do veículo] procurou a Defesa Civil do Amazonas para obter informações sobre as ações adotadas, porém não obteve retorno até o momento desta reportagem. É lamentável constatar que a falta de ação adequada resultou em uma tragédia, levando à perda de vidas e dezenas de casas.
Desmoronamentos na Região Norte
Os deslizamentos de terra, conhecidos como "terras caídas", são comuns na Região Norte do Brasil. Esses eventos são provocados pela ação da água nas margens dos rios, causando erosão do solo. Durante o período das cheias, as áreas afetadas ficam com o solo extremamente encharcado. A água do rio absorve a pressão do solo encharcado, evitando desmoronamentos. No entanto, durante a estiagem, o nível dos rios baixa e a margem se distancia do solo, que ainda não teve tempo para escoar a água da temporada de cheias. A consequência é o desmoronamento do solo, arrastando tudo o que estiver em seu caminho.
O impacto da seca severa
A seca extrema que atinge a região da Amazônia pode ter agravado o desmoronamento de terra na vila Arumã. De acordo com especialistas, essa seca prolongada está relacionada à combinação de dois fatores: o El Niño, que consiste no aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. Esses fatores inibem a formação de nuvens e chuvas na região amazônica, resultando na redução do período chuvoso.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) destaca que a seca prolongada não apenas afeta a vida e a subsistência dos moradores da região, mas também tem impacto na navegação, pesca, agricultura e no equilíbrio ambiental. Com o tempo seco, os rios da Amazônia diminuem seu nível, expondo bancos de areia cada vez mais visíveis e extensos, o que pode ter contribuído para o deslocamento do solo na vila Arumã.
Conclusão
A tragédia ocorrida na vila Arumã, no interior de Manaus, poderia ter sido evitada. As autoridades tinham conhecimento desde 2014 sobre o risco de deslizamentos na região, conforme apontado pelo relatório do Serviço Geológico do Brasil. No entanto, medidas efetivas para prevenir a tragédia não foram adotadas. É essencial que as autoridades estejam atentas e ajam prontamente diante de alertas e laudos técnicos, priorizando a segurança e o bem-estar da população. Além disso, é fundamental que sejam implementadas políticas de prevenção e monitoramento adequadas, a fim de evitar que tragédias como essa voltem a ocorrer.
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