A associação equivocada entre Maquiavel e O Pequeno Príncipe
A declaração de um advogado no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) causou controvérsias ao associar de forma errônea uma frase polêmica a Nicolau Maquiavel, filósofo italiano do século XVI. Essa gafe foi apontada pelo ministro Alexandre de Moraes durante a sessão, que acusou o advogado de se distanciar da defesa do cliente e de fazer um discurso para as redes sociais.
Moraes enfatizou a diferença entre as obras "O Príncipe", de Maquiavel, e "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, ressaltando que são obras que não possuem qualquer relação entre si. Neste artigo, vamos explorar o conteúdo de ambos os livros, esclarecer o engano associado a Maquiavel e entender a importância de cada um desses clássicos.
O Príncipe: manual político e precursor da ciência política moderna
Publicado em 1532, durante o Renascimento, "O Príncipe" é uma obra fundamental na filosofia política e é frequentemente abordado em vestibulares e no Enem. Este livro pode ser considerado um "manual" de política e liderança, escrito especialmente para os soberanos da época.
O objetivo de Maquiavel ao escrever "O Príncipe" era responder à pergunta: o que um governante precisa fazer para se manter no poder e evitar instabilidades? A obra enfatiza a necessidade de pragmatismo e realismo político, afirmando que o governante deve agir de acordo com a situação presente. Além disso, o livro aborda temas como a importância de evitar a influência de aduladores.
Segundo o professor Rafael Saldanha, autor de filosofia do Sistema de Ensino pH, assim como "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, "O Príncipe" atrai atenção por compartilhar ensinamentos e servir como guia para a construção de um governo estável. A preocupação de Maquiavel é justamente como estabelecer um governo capaz de evitar crises e instabilidades.
O Pequeno Príncipe: uma fábula filosófica sobre sabedoria
Considerada uma fábula ou novela filosófica, "O Pequeno Príncipe" é uma obra escrita por Antoine de Saint-Exupéry durante a Segunda Guerra Mundial. O livro conta a história de um pequeno príncipe que viaja por diversos planetas e encontra personagens peculiares.
Além de explorar temas como amizade, amor e responsabilidade, "O Pequeno Príncipe" aborda a busca por significado na vida. O professor Rafael Saldanha avalia essa obra como um livro raro, um verdadeiro livro sobre sabedoria. Traduzido para centenas de idiomas, ele também é conhecido por suas frases famosas que trazem reflexões profundas.
Algumas dessas frases são:
- "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
- "O essencial é invisível aos olhos."
- "Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso."
- "Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante."
- "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três começarei a ser feliz."
Nicolau Maquiavel e Antoine de Saint-Exupéry: biografias e legados
Nicolau Maquiavel nasceu em Florença, Itália, no dia 3 de maio de 1469. Além de filósofo político, Maquiavel foi diplomata e escritor. Ele serviu como diplomata na República de Florença, mas também enfrentou períodos de exílio devido a intrigas políticas.
Por sua vez, Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon, França, em 29 de junho de 1900. Além de escritor e poeta, Saint-Exupéry foi aviador. Durante sua carreira como piloto, trabalhou como correio aéreo na América do Sul, experiência que influenciou sua obra. Ele também serviu como piloto durante a Segunda Guerra Mundial, desaparecendo durante uma missão em 1944.
A polêmica frase e o legado de Maquiavel
Na manifestação no STF, o advogado Hery Waldir Kattwinkel citou uma frase que é frequentemente associada erroneamente a Maquiavel. Essa interpretação equivocada leva à ideia de que um governante pode fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos, levando ao adjetivo pejorativo "maquiavélico".
Uma frase mais próxima do que é abordado na obra é "é melhor ser temido do que ser amado pelo povo". Embora essa frase não conste literalmente em "O Príncipe", o autor trata dessa ideia no capítulo 17, onde aborda a importância de ser temido pelos súditos para evitar a desordem. O fundamental, segundo Maquiavel, é evitar ser odiado pelo povo.
Em conclusão, é importante se atentar às diferenças entre as obras de Nicolau Maquiavel e Antoine de Saint-Exupéry. "O Príncipe" é um manual político que aborda a necessidade de pragmatismo e realismo na liderança, enquanto "O Pequeno Príncipe" é uma fábula filosófica que explora temas como amizade, amor e busca por significado na vida. Cada uma dessas obras possui seu próprio valor e contribui para o entendimento das complexidades humanas.
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